O Americano Stan Lee, fundou a Marvel e criou alguns dos principais super-heróis da cultura pop, como Homem-Aranha, Homem de Ferro, X-Men e Incrível Hulk
Morreu nesta segunda-feira, aos 95 anos, o escritor e lenda dos quadrinhos Stan Lee.
A informação foi confirmada pela filha do americano ao site ” TMZ “.
Segundo a publicação, Lee foi levado às pressas de sua casa em Hollywood para o hospital Cedars-Sinai Medical Center, onde não teria resistido.
Nos últimos anos, ele enfrentou uma série de problemas de saúde, como pneumonias.
A causa da morte ainda não foi confirmada.
“Meu pai amava todos os seus fãs.
Ele era o maior dos homens, o mais decente de todos”, disse a filha, Joan Celia, ao “TMZ”.
Stan Lee é um dos fundadores da Marvel, e criou personagens icônicos da cultura pop, como Homem-Aranha, Pantera Negra, Incrível Hulk, X-Men, Homem de Ferro, além da história d’Os Vingadores.
Nos últimos anos, com o sucesso das adaptações cinematográficas de suas história, Lee ainda chamava atenção por participar de todos os filmes do estúdio .
Filho de imigrantes romenos judeus, Stanley Lieber nasceu na cidade de Nova York, em 1922.
Ele foi contratado em 1939 como assistente da Timely Comics, divisão então pouco promissora de uma editora de revistas pulp que viria a se tornar a Marvel.
Depois de uma saída em massa de funcionários no ano seguinte, o recém-rebatizado Lee (um codinome adotado para guardar seu nome real para os grandes romances que ele aspirava escrever) foi nomeado editor.
Sua fase de maior inspiração começou em 1961, quando Lee tinha quase 40 anos e estava completamente desiludido quanto a sua carreira.
Foi aí que, ao lado do artista Jack Kirby, Lee criou o Quarteto Fantástico, um grande sucesso superado logo no ano seguinte, quando inventou o Homem-Aranha em parceria com Steve Dikto (morto em junho).
Entre os personagens mais duradouros nos anos seguintes com esses e outros artistas estão X-Men, Homem de Ferro, o Incrível Hulk, Thor, Doutor Estranho e, em 1966, o Pantera Negra: um rei guerreiro africano que protagonizou um dos maiores blockbusters dos últimos anos no cinema, arrecadando mais de US$ 1,3 bilhão.
“Peço desculpas por não ter apresentado personagens negros um pouco mais cedo”, disse Lee ao “NYT”.
“Eu tentei criar um super-herói asiático, tentei criar um super-herói sul-americano.
E naquele momento eu reparei que era ridículo não termos um super-herói negro”.
Quando perguntado se os quadrinhos e filmes de hoje em dia poderiam fazer mais em termos de representatividade de mulheres e super-heróis de diferentes etnias, ele concordou, mas completou:
“Você não pode forçar nada ao público.
Mas se você faz um herói negro ou uma heroína e vê que estão sendo bem recebidos nas bancas, então você seria um idiota se não criasse mais histórias como essas.
Tudo depende do mercado”.
Poucos criadores deixaram uma marca tão profunda na cultura pop mundial quanto Lee.
De acordo com um levantamente do site “The-Numbers”, especializado em bilheterias de cinema, os filmes que envolvem os super-heróis criados por Lee arrecadaram mais de US$ 24 bilhões em todo o mundo.
Entre seus fãs, estão nomes de alto escalão, como Federico Fellini, Ronald Reagan e George R. R. Martin, autor de “Game of thrones”.
“Stan está lá no alto, junto com Walt Disney, como um dos grandes criadores não apenas de um personagem, mas de toda uma galáxia de personagens que tornou-se parte das nossas vidas”, avaliou Martin, em entrevista ao “New York Times” publicada em abril.
“Neste momento, eu acho que ele é provavelmente maior que o Disney”.
Últimos anos conturbados
Os últimos anos de vida de Stan Lee, porém, não foram exatamente tranquilos, passando por tragédias e escândalos. Só em 2017, o americano perdeu Joan Lee, sua mulher e companheira por quase 70 anos; circularam suspeitas que de milhões de dólares foram desviados de suas contas; e até fofocas de que um ex-sócio teria roubado seu sangue para vender a fãs.
Em abril deste anos, o site “The Hollywood Reporter” publicou uma investigação dizendo que Lee era vítima de “abuso de idosos” por sua filha, Joan Celia Lee, de 67 anos.
O “Daily Beast” informou em março que o empresário cujo valor estima beirava os US$ 50 milhões era “cercado por uma panóplia de charlatões de Hollywood” e estava “rodeado por abutres”.
Em entrevista ao “New York Times”, em sua mansão em Hollywood, Lee negou os problemas.
Ele afirmou que não saía muito de casa por conta de um surto de pneumonia que o deixou sem fôlego e com uma aparência frágil.
Além disso, ele já não podia mais ler, por conta de uma degeneração macular.
Ainda assim, ele se mostrava relaxado e animado:
— Eu sou o cara mais sortudo do mundo. Ninguém tem mais liberdade que eu.
Lee também defendeu sua filha contra as acusações de que estava abusando do pai:
— Minha filha tem sido uma grande ajuda para mim.
A vida é muito boa.
Fonte: O Globo