Morreu Bebeto de Freitas, 68 anos, técnico da geração de prata do vôlei
Morreu Bebeto de Freitas, 68 anos, técnico da geração de prata do vôlei.
Técnico foi um dos que transformou o vôlei brasileiro, mas nos últimos anos era cada vez mais crítico com a má gestão dos dirigentes do esporte.
Bebeto de Freitas foi um dos responsáveis pela transformação do vôlei brasileiro num esporte vitorioso e respeitado por todo o planeta.
Bebeto como jogador disputou pelo Brasil as Olimpíadas de Munique em 72 e Montreal em 76.
Conseguiu um oitavo e um sétimo lugares.
Era uma época em que o vôlei era um esporte de pouca repercussão para o torcedor brasileiro.
Ao virar treinador nos Estados Unidos, e ao voltar ao Brasil no início dos anos 80, Bebeto ia transformar completamente a qualidade desse nosso esporte.
Foi como se o Brasil descobrisse um novo espetáculo.
Um timaço que disputava e, lamentavelmente, perdia finais para as potências do vôlei: União Soviética, Estados Unidos.
Prata no Mundial de 82, prata na Olimpíada de 84: foram as primeiras de tantas que o vôlei passou a gerar para o Brasil.
Bebeto tinha muito orgulho de mostrar para todos que, com boas condições, treinos duros e constantes, o brasileiro poderia ambicionar a excelência muito além do samba de uma nota só que era o futebol.
Voz pausada, palavras medidas escondiam uma pessoa apaixonada por esporte, que ia moldando, do lado de fora da quadra, em dois ciclos olímpicos os treinadores que depois iriam ganhar tudo.
Bernardinho e Zé Roberto tiveram em Bebeto um professor.
“Voleibol é o que é hoje porque tivemos precursores como ele. Bebeto foi mais do que isso, foi um amigo, um cara que eu, com 15 anos de idade, convivia.
Primeira seleção carioca que ele dirigiu eu era o capitão do time dele, então, uma relação muito maior do que apenas de jogador e treinador.
O voleibol perde um ícone”, disse Bernardinho.
“Vai ficar uma grande saudade, uma saudade de alguém que marcou a vida de vários jogadores, treinadores.
O mundo inteiro vai sentir falta”, afirmou Zé Roberto.
Em 2015, Bebeto entrou para o hall da fama do vôlei mundial.
Além de tudo que tinha feito com o Brasil, na década de 90, foi campeão mundial por um clube italiano e depois campeão mundial em 98 dirigindo a seleção da Itália.
São desses anos as imagens de um Bebeto emocionado ao ouvir o hino brasileiro, e depois quase constrangido por vencer o Brasil numa semifinal num jogo épico por três a dois.
Os jornais italianos repercutiram a morte de Bebeto: “O mundo do vôlei chora a morte de Bebeto”, destacou o “Corriere dello sport”.
Vitorioso em tudo no vôlei, Bebeto ao mudar de século mudou de esporte.
Era apaixonado por futebol.
No Atlético Mineiro foi dirigente duas vezes.
Depois, quis mais e, no Botafogo, clube de coração dele, chegou a ser presidente por dois mandatos.
Mas foi no vôlei que ele teve mais peso.
Vários jogadores também lamentaram nas redes sociais, como Giba e Nalbert.
A Confederação Brasileira de Vôlei, em nota, lamentou a morte de Bebeto.
O Comitê Olímpico do Brasil fala do profundo pesar pelo falecimento dele.
Mas nos últimos anos Bebeto era cada vez mais crítico com a má gestão e a falta de transparência dos dirigentes do esporte brasileiro.
Ele passou a ser uma voz que pedia mais democracia, mais participação de atletas e treinadores porque, como todo bom técnico, queria que o esporte brasileiro fosse a soma da contribuição de todos e não dependente de uns poucos.
Bebeto no vôlei começou como levantador, a posição mais difícil e a que requer mais inteligência.
Pode se dizer, sem sombra de dúvida, que foi ele que jogou o nosso vôlei lá para cima.
Foi uma vida e tanto.
Em nota, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) expressou consternação com o falecimento do ex-atleta e treinador, considerado pela entidade “um dos grandes ícones do voleibol e do esporte brasileiro”.
A entidade lembrou ainda da homenagem recebida por Bebeto em 2015, quando ele entrou para o Hall da Fama da Federação Internacional de Voleibol (FIVB).
De acordo com a CBV, a Superliga Cimed masculina e feminina e o Circuito Brasileiro Open de Vôlei de Praia irão respeitar um minuto de silêncio antes de cada partida até o próximo domingo (18).
Clubes
A primeira passagem de Bebeto no futebol foi no próprio Atlético, em 1999 e em 2001.
Depois disso, ele trabalhou no Botafogo, onde foi eleito presidente do clube em 2003 por dois mandatos (até 2008). Foi responsável pela volta do time à primeira divisão do futebol brasileiro, após o rebaixamento em 2002.
Também pelo clube carioca, Bebeto de Freitas fez história no vôlei, conquistando 11 títulos estaduais consecutivos.
O Botafogo também informou ter decretado luto oficial de três dias, com hasteamento da bandeira a meio mastro.
A nota também presta solidariedade aos amigos e familiares e lembra que Bebeto teve papel fundamental na reconstrução do clube no período em que foi presidente.
“E sempre foi um botafoguense apaixonado, além de defensor do esporte brasileiro”, diz um trecho.
Em 2009, Bebeto voltou para Belo Horizonte, como diretor-executivo do Atlético.
No ano passado, assumiu a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer na gestão de Alexandre Kalil na prefeitura de Belo Horizonte, voltando ao Galo após a eleição de Sérgio Sette Câmara, atual presidente do clube.
Fonte: Internet