O Dia 02 de fevereiro é uma das principais datas festivas de Salvador, em que se comemora o dia de Iemanjá.
Nesse dia todas as atenções são voltadas para este Orixá no Bairro do Rio Vermelho, onde a mãe absoluta das água reina com soberania recebendo oferendas de milhares de pessoas que vão ao local prestar suas homenagens e fazerem seus agradecimentos e pedidos.
A tradição da festa em homenagem a Iemanjá teve início no ano de 1923, quando um grupo de 25 pescadores resolveu oferecer presentes para a mãe das águas.
Nesta época os peixes estavam escassos no mar.
Todos os anos os pescadores pedem a Iemanjá que lhes dê fartura de peixes e um mar tranqüilo.
A Lenda de Iemanjá
Conta a tradição dos povos iorubás (atual Nigéria), que Iemanjá era a filha de Olokum, deus do mar.
Em Ifé, tornou-se a esposa de Olofin-Odudua, com o qual teve dez filhos, todos orixás. De tanto amamentar seus filhos, os seios de Iemanjá tornaram-se imensos.
Cansada da sua estadia em Ifé, Iemanjá fugiu na direção do “entardecer-da-terra”, como os iorubas designam o Oeste, chegando a Abeokutá.
Iemanjá continuava muito bonita. Okerê propôs-lhe casamento.
Ela aceitou com a condição que ele jamais ridicularizasse a imensidão dos seus seios.
Um dia, Okerê voltou para casa bêbado.
Tropeçou em Iemanjá, que lhe chamou de bêbado imprestável.
Okerê então gritou: “Você, com esses peitos compridos e balançantes!” Ofendida, Iemanjá fugiu.
Okerê colocou seus guerreiros em perseguição e Iemanjá, vendo-se cercada, lembrou que tinha recebido de Olokum uma garrafa, com a recomendação que só abrisse em caso de necessidade.
Iemanjá tropeçou e esta quebrou-se, nascendo um rio de águas tumultuadas, que levaram Iemanjá em direção ao oceano, residência de Olokum. Okerê tentou impedir a fuga de sua mulher e se transformou numa colina.
Iemanjá, vendo bloqueado seu caminho, chamou Xangô, o mais poderoso dos seus filhos, que lançou um raio sobre a colina Okerê, que abriu-se em duas, dando passagem para Iemanjá, que foi para o mar, ao encontro de Olokum.
Iemanjá usa roupas cobertas de pérola, tem filhos no mundo inteiro e está em todo lugar onde chega o mar.
Seus filhos fazem oferendas para acalmá-la e agradá-la.
Iemanjá, Odô Ijá (rainha das águas), nunca mais voltou para a terra.
Ainda existe, na Nigéria, uma colina dividida em duas, de nome Okerê, que dá passagem ao rio Ogun, que corre para o oceano.
Todos os anos um presente principal é preparado para ser oferecido à Iemanjá.
Sob ele vão as oferendas preparadas pela ialorixá responsável pelo comando da festa.
Estas oferendas, cujos preparativos são cercados de rituais e fundamentos sagrados e secretos, demoram sete dias para ficarem prontas.
Dentre os presentes oferecidos a Iemanjá no dia 02 de fevereiro podemos listar os seguintes: flores, perfumes, espelhos, enfeites diversos como anéis, colares, fitas, brincos, pentes, bijuterias, jóias, relógios, maquiagens e ainda bonecas, velas, bebidas e comidas tais como manjar, fava cozida com camarão, cebola e azeite doce, champanhe dentre outros.
Esse ano o presente principal foi em homenagem as Baleias que estão em fase de extinção, confeccionadas em fibras de vidro.
Essa escultura foi encomendada pelos pescadores da Colônica Z1 do Rio Vermelho.
A proposta desse ano foi que os devotos fizessem as oferendas sem poluir o meio ambiente.
Pois muitas vezes as pessoas oferecem os presentes com embalagem deixando o mar poluído.
Quando se oferece alfazema, o certo é derramar o conteúdo descartando a embalagem.
Flores e perfumes são os presentes preferidos da orixá que já recebeu, nas profundezas no mar atlântico de Salvador, presentes bem mais inusitados como um palácio azul e branco com dois metros de altura.
As oferendas são levadas para a casa do peso na Colônia de Pesca do Rio Vermelho onde são distribuídas em diversos balaios colocados em barcos que partem para o alto mar ao som de um espocar de fogos de artifício para, enfim, serem atirados ao mar.
Pelas ruas do Rio Vermelho, diversas barracas de bebidas e comidas se espalham nas calçadas.
Depois de referendar a Rainha do Mar, devotos transformaram o Rio Vermelho no palco de uma grande festa, bares, restaurantes e espaços culturais serviram de refúgios para shows dos mais variados ritmos.
E nas festas privadas, o clima já era de carnaval.
A diversidade musical dominou o bairro, conhecido como o mais boêmio da cidade.