No amplo teatro, alugado especialmente para o encontro, se reuniam autoridades de todo o estado.
Discutia-se a questão de verbas para as tantas necessidades das diversas comunidades.
Horas foram planejadas para se apresentarem as necessidades, as estratégias de redução de gastos, a mais correta divisão dos recursos a fim de que todas as áreas fossem bem atendidas.
Planejava-se ali o atendimento à criança, ao jovem, ao idoso, à gestante, ao carente.
Nenhum detalhe estava sendo esquecido.
As autoridades se revezavam ao microfone, falando de metas a serem alcançadas, de trabalho sem descanso a ser realizado.
Enfim, fez-se uma pausa para um pequeno descanso.
Todos demandaram o amplo salão onde várias mesas apresentavam o lanche com pães, doces, salgados, refrigerantes, café, água.
Entre um e outro salgadinho, os colegas aproveitavam para trocar idéias, para cumprimentar aqueles que já haviam discursado.
Retornando ao teatro para a continuidade dos trabalhos, um dos participantes levou um copo com refrigerante.
Quase ao transpor a porta, a senhora encarregada da recepção pediu licença e lhe lembrou, conforme avisos afixados em vários lugares, que ele não poderia adentrar no teatro com o refrigerante.
O homem, até então muito educado, olhou-a de cima e falou alto:
– A senhora sabe com quem está falando?
A senhora de pronto respondeu:
– Não senhor.
Ao que ele explicou:
– Pois saiba a senhora que eu sou fulano de tal, e foi dizendo o cargo que ocupava no Estado.
Ela, ainda e sempre educada, prosseguiu:
– Muito prazer em conhecê-lo, senhor.
Mas devo continuar lhe dizendo para não entrar nas dependências do teatro com o refrigerante.
Mais do que ninguém, o senhor como autoridade de um município do nosso estado sabe o quanto custa o patrimônio público e quanto custa para o manter.
– O senhor é encarregado de zelar pelo dinheiro do povo e dar ao povo o melhor.
O senhor, em sua cidade, zela pelas praças, pelos jardins, pelo teatro, a biblioteca pública, o museu, as escolas. Mais do que ninguém o senhor sabe que o dinheiro público não pode ser desperdiçado.
O refrigerante que o senhor deseja levar para o teatro pode derramar e manchar a poltrona ou o tapete.
E haverá necessidade de se gastar para a substituição de uma ou de outro.
O homem olhou para a mulher, deu meia volta, depositou o copo de refrigerante sobre uma mesa próxima, voltou para a entrada do teatro e disse:
– A senhora tem toda a razão.
Obrigado pela lição.
E retornou para os trabalhos com seus colegas.
A verdadeira humildade está em reconhecer os próprios erros, não importando o cargo ou a função que se ocupa.
E todos podemos ser educadores, onde quer que estejamos.
Podemos dar o exemplo, fazendo. Podemos falar, demonstrando o que é correto realizar.
Sempre que falemos com educação e demonstremos bom senso no que pedirmos, com certeza, seremos ouvidos e atendidos. É que nem sempre estamos dispostos a realizar este trabalho e preferimos deixar passar.
Com isso, estamos perdendo uma oportunidade sem par de melhorar o mundo em que nos encontramos.
(Redação do Momento Espírita)