Há muitos anos, Chico possuía um cachorro deficiente.
Esse animal lhe dava um trabalho muito grande.
Quando chegava em casa de madrugada, após o trabalho no centro espírita, tinha que limpar todo o quarto.
Comprava, com seu diminuto ordenado, uma coberta que não chegava a durar um mês.
Assim foi durante muito tempo.
Certo dia, quando ele chegou, o cachorro estava morrendo.
— Parecia que ele estava me esperando…
— disse com tristeza — Olhou-me demoradamente de uma maneira muito terna, fez um gesto com a cauda, e morreu.
Enterramo-lo no fundo do quintal, não sem antes derramar muitas lágrimas.
Passaram-se alguns meses e uma de suas irmãs lhe disse:
— Chico, você se lembra daquele cachorro aleijado?
— Claro, como poderia esquecê-lo?
— Olha, vou contar uma coisa.
Ele não morreu naturalmente não.
Dona Fulana tinha pena de ver você chegar todo dia de madrugada e ter tanto trabalho.
Então, querendo aliviá-lo, deu veneno para o cão.
— Ah, meu Deus!
Não me diga uma coisa dessas!
— É verdade, Chico.
Ele não sentiu raiva, pois em seu coração não havia espaço para isso.
Mas uma tristeza invadiu-lhe a alma e uma sombra começou a envolver-lhe o coração.
Passados alguns dias, o espírito Emmanuel lhe disse:
— Chico, essa mágoa que você asila no coração está atrapalhando o trabalho dos Bons Espíritos.
Você precisa se livrar dela.
— Não consigo esquecer…
— disse-lhe Chico, amargurado.
— Mas é preciso.
Como fazer?
— Você precisa dar uma grande alegria a ela.
— Eu dar alegria a ela?!
O ofendido fui eu!
— A receita não é minha…
É de Nosso Senhor Jesus Cristo.
“Fazei bem aos que vos aborrecem.”
Leia o Evangelho.
Obediente e resignado, Chico procurou descobrir o que a pessoa gostaria de ter e não tinha, Era uma máquina de costura.
Chico comprou, então, uma máquina de costura, a pagar em longas prestações.
Quando foi visitá-la, a pessoa estava tão feliz, tão feliz, que quando viu o Chico chegando, correu para ele e lhe abraçou com tanto amor, que uma luz intensa se desprendeu dela e o envolveu da cabeça aos pés.
Quando ela soltou o abraço, a sombra havia desaparecido.
Eis aí uma receita para quem ainda carrega mágoas no coração.
E você, já deu sua máquina de costura hoje?
(Lindos casos de Chico Xavier)