O Brasileiro Robson Conceição domina francês Sofiane Oumiha no Riocentro, vence por decisão unânime e garante 3ª medalha de ouro do Brasil na Rio 2016, a primeira do boxe em Olimpíadas
Foi apanhando que Robson Conceição aprendeu a bater.
Levando porrada na vida e no ringue.
Caindo e levantando, sem nunca desistir.
E o menino de Salvador, que viveu a dor da eliminação em Pequim 2008 e Londres 2012 ao perder logo na primeira luta, virou herói.
É essa a história que o ex-feirante escreveu na Rio 2016.
Ao derrotar o francês Sofiane Oumahi e ficar com o ouro, o bom baiano tornou-se eterno.
O filho da terra onde o pugilismo pulsa como o sangue nas veias pode bradar com orgulho: é o maior atleta da história do boxe brasileiro em Olimpíadas.
Robson Conceição não tinha sonhos grandes.
Invocado, queria ser que nem o tio Roberto, famoso por brigar na rua.
Virou o “Terror” do bairro humilde onde nasceu, em Salvador.
Ao descobrir o boxe, trocou os socos nas ruas pelos ringues e viu que poderia sonhar mais alto.
Para alcançá-los, ralou.
Foi feirante, vendeu picolé na praia, foi ajudante de pedreiro…
Perdeu na estreia em duas Olimpíadas, Pequim 2008 e Londres 2012.
Mas o destino lhe guardava algo grandioso.
Na insistência e no talento, virou campeão olímpico em casa.
Com o Pavilhão 6 do Rio centro pulsando, ele derrotou o francês Sofiane Oumiha por decisão unânime, com 3 a 0 (30-27, 29-28 e 29-28) na noite desta terça-feira.
Aos 27 anos, colocou seu nome na história ao conquistar a primeira medalha de ouro do boxe brasileiro nos Jogos Olímpicos.
Hoje, não é mais o “terror”.
É o orgulho de Boa Vista.
Orgulho de Salvador.
Orgulho da Bahia.
Orgulho do Brasil.
- Estou vivendo um sonho e não quero acordar desse sonho nunca.
Agradeço ao povo brasileiro pelo apoio. ainda não caí na real.
Tive uma infância humilde, mas graças a Deus, nunca me faltou o pão de cada dia.
E essa minha luta diária, de acordar cedo, ir para a escola e ajudar a minha avó na feira, hoje, foi recompesada por isso.
Hoje sou campeão olímpico!
Agradeço a todos que me apoiaram, às mensagens positivas, ao bairro de Boa Vista de São Caetano…
Essa medalha não é só meu sucesso, é sucesso de minha família, meus amigos, treinadores – celebrou.
Para alcançar o maior resultado do país na nobre arte em Olimpíadas, Robson batalhou.
Tanto em Pequim, 2008, quanto em Londres, 2012, perdeu na primeira luta.
Aprendeu com os tropeços e esbanjou serenidade no Rio.
Convenhamos, não deve ser fácil disputar uma competição deste porte.
Imagine uma final olímpica.
Mas este baiano, cada vez que entrava no ringue, impressionava pela serenidade.
O ringue, na verdade, virou o quintal de sua casa, como o que utilizou para aprender os primeiros socos com seu primo, ainda na infância.
- Nas outras duas edições, eu era muito jovem, não tinha muita experiência.
Agora, com a ajuda da confederação (de boxe), que vem me apoiando muito e me levou para vários campeonatos, eu consegui pegar muita experiência.
E agora, graças isso, eu sou campeão olímpico hoje.
Primeiro pugilista campeão olímpico do Brasil.
Agora quero festa em Salvador! – declarou.
A pressão da torcida em cima de Oumiha era enorme.
A entrada deixou perceptível.
Quando o brasileiro adentrou o ginásio, a plateia, em uníssono, berrou que “o campeão chegou”.
Na vez do francês, o “uh, vai morrer!” foi na mesma medida.
Mas foi Oumiha quem disparou os primeiros golpes, com jab e direto.
Robson tratou de colocar ordem na casa e conectou dois bons cruzados e um overhand.
O francês respondeu furando a guarda do rival em três oportunidades.
Robson controlava o centro do ringue e busca jogar na média distância.
Um direto de direita balançou Oumiha.
Escaldado com os golpes na cabeça, o francês levantou mais a guarda e foi golpeado na linha de cintura, mas procurou jogar nos cruzados.
Sereno, o baiano mantinha a estratégia, mas Oumiha tentou era perigoso e procurava jogar overhands por cima dos cruzados.
Uma direita desequilibrou Robson, que terminou o round com um contra-ataque bem colocado, mas com um ferimento na altura do olho direito.
Faltavam seis minutos para o ouro.
No segundo assalto, Robson Conceição usou mais seus jabs em um primeiro momento.
A arquibancada explodia toda vez que o brasileiro tocava o rival.
Oumiha tentava entrar no raio de ação e, quando conseguia chegar na curta distância, ameaçava.
Mas é difícil se aproximar do baiano sem ser punido.
As combinações de jab e direto e os cruzados mostraram-se muito efetivas.
Com menos de um minuto para o fim do assalto, uma direita derrubou o rival, mas o árbitro central não abriu contagem.
Oumiha se arriscou nos segundos finais, mas não dava para tirar a vantagem aberta pelo brasileiro.
Faltavam três minutos para o ouro.
No segundo assalto, Robson Conceição usou mais seus jabs em um primeiro momento.
A arquibancada explodia toda vez que o brasileiro tocava o rival.
Oumiha tentava entrar no raio de ação e, quando conseguia chegar na curta distância, ameaçava.
Mas é difícil se aproximar do baiano sem ser punido. As combinações de jab e direto e os cruzados mostraram-se muito efetivas.
Com menos de um minuto para o fim do assalto, uma direita derrubou o rival, mas o árbitro central não abriu contagem.
Oumiha se arriscou nos segundos finais, mas não dava para tirar a vantagem aberta pelo brasileiro.
Faltavam três minutos para o ouro.
Era só administrar. Robson sabia disso.
Consciente, não caía na pilha da torcida que pedia “porrada no francês”.
Mas os golpes entravam nos momentos certos, e Oumiha sofria.
Não precisava mais controlar o centro do ringue e caçar sua presa.
Circulando com calma, apenas se aproveitou do desespero do francês, que, mesmo inferior tecnicamente, mostrou coração ao buscar a luta o tempo todo.
Robson esquivava, se mexia, caminhava para o lado e era preciso nas investidas.
Mostrou com quantos golpes se faz um campeão olímpico e garantiu para o Brasil o primeiro ouro da história do país na nobre arte.
Não faltava mais nada. Pode comemorar, Robson! Pode comemorar, Brasil!
- Eu esperava que fosse mais fácil.
Mas o adversário mostrou muita garra, muita técnica.
Tive que ir para frente porque o adversário era um cara muito bom nos contragolpes.
Eu tive que partir para cima, a estratégia era tomar um golpe e acertar três, quatro.
Foi a luta mais difícil que tive nos jogos olímpicos, a luta mais difícil que tive até hoje em minha vida.
Mas Graças a Deus consegui superar – contou.
Robson Conceição foi soberano em sua campanha até a decisão.
Além de conseguir um nocaute técnico na estreia, venceu seus outros oponentes por decisão unânime.
O Globo Esporte agora relembra os confrontos que o brasileiro teve durante a Olimpíada Rio 2016.
O fim da maldição da estreia
Estrear em Olimpíadas não trazia boas lembranças para Robson Conceição.
Nas duas anteriores, Pequim 2008 e Londres 2012, foi eliminado na primeira luta.
Mas não dava para cogitar essa possibilidade na Rio 2016.
Ele precisava vencer e desejava convencer.
E concluiu com maestria.
Contra Anvar Yunusov, do Tajiquistão, o brasileiro precisou de apenas um round para celebrar o triunfo.
Após domínio no primeiro assalto, Yunusov não voltou para o segundo por conta de uma lesão na mão direita e abriu caminho para o baiano avançar para as quartas de final.
– Rivalidade e consagração contra adversário “marrento”
Lazaro Alvarez estava entalado na garganta de Robson.
Nas duas vezes que se enfrentaram até então, uma vitória para cada lado.
O tira-teima na semifinal olímpica, atuando em casa, era o que o brasileiro queria.
No duelo mais difícil da campanha, ele teve dificuldades no primeiro assalto, quando dois juízes pontuaram para o cubano, mas Robson, com a tranquilidade que foi sua marca na Olimpíada, mostrou poder de reação e garantiu a vaga na final com outro 3 a 0 (29-28, 29-28 e 30-27).
Depois da luta, ainda criticou o adversário ao chamá-lo de marrento.
Fonte Globoesporte