Peritos veem cortes na gravação de Joesley com Temer
Mas partes fundamentais da gravação estão sem alteração.
Gravação feita pelo delator Joesley Batista, da JBS, da conversa que ele teve com o presidente Temer, no Palácio do Jaburu, no dia 7 de março, será um dos pontos mais discutidos durante a investigação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal contra o presidente da República.
O áudio foi entregue pelo empresário à Procuradoria Geral da República dentro de um acordo de delação premiada.
Os jornais “Folha de S.Paulo” e “O Estado de S. Paulo” deste sábado trazem reportagens ouvindo peritos sobre o áudio da conversa do delator com o presidente.
Os peritos detectaram o que classificam de interrupções ou edições.
Um deles diz que não é possivel afirmar o que as provocou, se defeito no gravador ou outro motivo.
Os peritos ressalvam que não há sinais de mudança na parte fundamental da gravação: quando Joesley diz que zerou suas pendências com Eduardo Cunha e ficou de bem com o ex-deputado preso em Curitiba, ouvindo em outro trecho, a seguir, o presidente incentivar, dizendo “isso tem que continuar, viu”.
Para o perito ouvido pela “Estadão”, o mesmo ocorre na parte em que o presidente Temer ouve de Joesley que está manipulando a Justiça.
A reportagem da “Folha” diz que o áudio entregue por Joesley tem cortes, segundo um perito contratado pelo jornal.
A “Folha” afirma que “a perícia concluiu que a gravação sofreu mais de 50 edições”. O laudo foi feito por Ricardo Caires dos Santos, perito judicial pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Ao jornal, ele disse que o áudio tem “indícios claros de manipulação, mas “não dá para falar com que propósito”.
Em entrevista à “Folha”, outro perito, Ricardo Molina, declarou que a gravação é de baixa qualidade técnica e diz que “percebem-se mais de 40 interrupções, mas não dá para saber o que as provoca.
Pode ser um defeito do gravador, pode ser edição, não dá para saber”, diz Molina.
Ainda segundo a reportagem da “Folha de S.Paulo”, “no momento mais polêmico do diálogo, quando, segundo a PGR, Temer dá anuência a uma mesada de Joesley a Cunha, a perícia feita por Ricardo Caires dos Santos não encontrou edições.
O trecho, no entanto, segundo o perito, apresenta dois momento incomprensíveis, prejudicados por ruídos.
O jornal “O Estado de S. Paulo” também aborda o tema, na edição deste sábado, com um perito que diz que “detecta 14 ‘cortes’ em áudio de conversa entre Temer e empresário, mas que, segundo o jornal, também “não vê, no entanto, ‘fragmentações’ no intervalo em que Eduardo Cunha é citado”.
Ao “Estadão”, o perito Marcelo Carneiro de Souza disse que “os 14 trechos em que o perito encontrou possíveis edições estão entre o 14º minuto e o 34º minuto do áudio.
Essa parte da gravação não inclui o trecho em que Joesley fala que está segurando dois juízes e um procurador.
Essa parte da gravação foi confirmada pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, no próprio dia em que o áudio veio a público, em nota afirmando que “o presidente Michel Temer não acreditou na veracidade das declarações.
O empresário estava sendo objeto de inquérito e por isso parecia contar vantagem”.
Segundo a nota, “o presidente não poderia crer que um juiz e um membro do Ministério Público estivessem sendo cooptados”.
O presidente Temer encaminhou a gravação que Joesley fez da conversa com ele para o serviço de inteligência da Presidência da República.
Ele quer saber se o material gravado está íntegro ou tem cortes.
Em nota oficial, a Procuradoria-Geral da República informou que foi feita uma avaliação técnica da gravação da conversa do dono da JBS com o presidente Temer e concluiu que o áudio revela uma conversa lógica e coerente.
E que a gravação anexada ao inquérito do STF é exatamente a entregue pelo colaborador.
E que sua integridade poderá ser verificada no processo.
Fonte: G1