Guilherme Karan morreu na manhã desta quinta-feira (7), segundo o jornal EXTRA.
A notícia foi confirmada à publicação pelos familiares do ator, que há dois anos estava internado no hospital Naval Marcílio Dias, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
O ator era portador da doença degenerativa e hereditária Machado-Joseph, que tem como sintomas falta de coordenação, dificuldade em caminhar e desequilíbrio do eixo corporal, além de debilitação da deglutição.
Três irmãos do ator já apresentaram a doença e dois morreram em sua decorrência.
Conhecido por seus divertidos personagens, Karan começou sua carreira nas telinhas em 1984 em Partido Alto, como Políbio, mas foram os papéis no humorístico TV Pirata que lhe renderam mais destaque.
O ator conquistou o carinho do público quando integrou o elenco de “TV Pirata”.
No humorístico, ele eternizou diversos personagens, como o apresentador da TV Macho, Zeca Bordoada, e o capanga Agronopoulos.
O trabalho do ator atualmente pode ser visto na reprise de Meu Bem, Meu Mal, pelo canal Viva.
Na trama, ele interpretou o intrometido e divertido mordomo Porfírio.
Também atuou em outras novelas como Dona Beija, explode Coração, O Clone, Pecado Capital e Perigosas Peruas.
No cinema fez vários filmes da Xuxa, interpretando Baixo-Astral em Super Xuxa contra Baixo Astral e Gorgom Xuxa e os Duendes e Xuxa e os Duendes 2.
O último trabalho de Guilherme Karam na televisão foi na novela “América”, em 2005.
Artistas e amigos lamentaram a morte do ator.
Bernardo Falcone, ator e músico, disse no Twitter: “Baixo Astral, um dos melhores/piores vilões da minha infância.
Adorava o Guilherme Karan…”.
Já o ator Eduardo Martini, escreveu no Facebook: “Descansou de uma doença horrivel…
Que Deus te receba de braços abertos… Dia triste…”.
Miguel Falabella falou com tristeza sobre a morte do amigo.
“Foi uma página muito importante na minha vida.
Fizemos uma dupla prodígio.
Ele tinha uma voz linda.
Uma pena que não tenha pego o boom dos musicais”, lamentou Miguel, que ainda tentou visitar o amigo: “Ele não quis me receber e eu o respeitei.
Não queria que o visse daquela maneira”.
Informado sobre a morte do amigo, Luiz Fernando Guimaraes disse: “Me dá um tempo, vou chorar”.
Em sua conta no Instagram, o apresentador Gugu Liberato declarou: “Descanse em paz Guilherme Karan”.
A Síndrome de Machado-Joseph
A síndrome de Machado-Joseph é uma doença autossômica dominante, o que significa que ela é genética e hereditária, podendo ser transmitida pelo pai ou mãe.
A doença é causada por uma mutação no gene do cromossomo 14, que gera uma proteína anormal (a ataxina 3) que se acumula dentro de algumas células do cérebro.
O diagnóstico é feito através de uma conversa com o paciente, onde é verificado se existe algum histórico da doença na família.
Pode-se também realizar um teste genético para verificar a existência da síndrome.
O tratamento é paliativo, ou seja, apesar de pesquisas, ainda não encontraram uma vacina ou tratamento que extermine a doença.
A enfermidade é desconhecida pela maioria dos brasileiros.
Sua principal característica é a perda dos movimentos até o ponto do portador precisar de uma cadeira de rodas para se locomover, disse a neurologista Eliana Meire Melhado, membro da Academia Brasileira de Neurologia.
“É uma doença que vem dos portugueses.
Por ser genética, dá para saber antes de nascer.
Se houver mais casos na família, é indicado o aconselhamento genético”, explica a neurologista.
O nome da enfermidade é uma homenagem ao cientista que a classificou entre as doenças neurológicas.
Entre os sintomas mais comuns está a falta de equilíbrio, e por isso a síndrome é conhecida popularmente como “doença do tropeção”.
Outros sintomas são a perda dos movimentos e o impedimento de continuar em pé.
Segundo Melhado, como a doença é progressiva, os sintomas aparecem lentamente.
Por isso o mais indicado é, a partir do diagnóstico, fazer exercícios físicos, fisioterapia e hidroterapia para evitar que se chegue ao ponto de precisar da cadeira de rodas.
“Mesmo se chegar a cadeira de rodas, deve-se continuar com a fisioterapia.
Em casos mais leves a pessoa pode até melhorar.
Mas, geralmente, quando se chega a esse ponto a pessoa não volta mais a andar”, explica.
Não há medicação específica para tratar a doença e o paciente tende a morrer de complicações.
Mas quanto mais fisioterapia fizer, melhor se torna a qualidade de vida desse paciente.
Por conta da doença, fazia Karan sofria de problemas na coluna e recebia a ajuda de dois enfermeiros e de um fisioterapeuta.