Corpo do músico Marcelo Yuka é velado na Lapa
Cerimônia é aberta ao público e ocorre até as 19h deste sábado.
Corpo chegou por volta das 14h15.
Amigos e músicos como Marcelo D2 foram se despedir do artista.
O corpo do músico e compositor Marcelo Yuka chegou por volta das 14h15 deste sábado (19) na Sala Cecília Meireles, na Lapa, Rio de Janeiro, onde é velado.
A cerimônia, aberta ao público e fechada para jornalistas, tem previsão de ser realizada até as 19h.
Ainda não há informações sobre o local de enterro.
Amigos, fãs e parentes do músico chegaram desde o início da tarde para se despedirem.
Nas redes sociais, muitos prestaram homenagem a Yuka desde a notícia de sua morte no fim da noite de sexta-feira (18).
“Era uma pessoa rebelde e generosa.
Inquieta e grandiosa.
Morreu porque queria essa paz, que sem voz é medo”, disse o deputado federal Chico Alencar (PSOL)
Na porta do velório, o artista Marcondes Rocco, de 42 anos, pintava um quadro com a rosto do artista.
“As letras dele mostram que sempre podemos ir além de onde estamos.
Que podemos superar qualquer barreira social.
Pretendo entregar este quadro à família como forma de agradecimento pelo bem que as músicas dele me fizeram”, disse Rocco.
Morte aos 53 anos
Marcelo Yuka, que foi um dos fundadores da banda O Rappa, morreu aos 53 anos, no Hospital Quinta D’or, em São Cristóvão, na Zona Norte.
O artista estava internado em estado grave com um quadro de infecção generalizada.
O músico sofreu um acidente vascular-cerebral (AVC) no dia 2 de janeiro.
No meio do ano passado, ele já havia tido outro AVC.
Em 2000, Yuka ficou paraplégico ao ser atingido por nove tiros durante um assalto a uma mulher na Tijuca, na Zona Norte do Rio.
Trajetória
Nascido no Rio de Janeiro em 1965, Marcelo Fontes do Nascimento Viana de Santa Ana, o Marcelo Yuka, foi um dos fundadores da banda O Rappa.
No grupo, era o baterista e principal compositor até sua saída, em 2001.
Com a banda, chegou ao sucesso com o segundo disco, “Rappa Mundi”, em 1996.
Em 2000, foi atingido por tiros ao tentar impedir um assalto e ficou paraplégico.
Yuka escreveu letras sobre temas como violência urbana, racismo e desigualdades sociais.
“Minha alma (a paz que eu não quero)”, “Me deixa” e “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”, por exemplo, foram escritas por ele.
Mesmo impossibilitado de tocar bateria, continuou na banda, lançando em 2001 o álbum “Instinto Coletivo”, gravado em show realizado antes do incidente.
No mesmo ano, Yuka deixou O Rappa, e afirmou ter sido expulso pelos demais integrantes por não concordar com os rumos da banda.
Em 2004, fundou a banda F.ur.t.o (Frente Urbana de Trabalhos Organizados), parte de um projeto social que já existia na época de O Rappa.
Cinco anos depois, foi vítima de outro assalto e levou socos e pontapés de bandidos que tentavam levar seu carro.
O músico chegou a ficar sob as rodas do veículo e só não foi atropelado porque os assaltantes não conseguiram dar partida no veículo, adaptado para deficientes.
Em 2017, lançou seu primeiro álbum solo, “Canções para depois do ódio”, com uma sonoridade que mesclava batidas eletrônicas e ritmos afro, fruto da parceria com o produtor e DJ Apollo 9.
Céu, Seu Jorge, Cibelle e Bukassa Kabengele participaram do disco.
Na política, foi filiado por oito anos ao PSOL e chegou a concorrer a vice-prefeito do Rio de Janeiro em uma chapa com Marcelo Freixo em 2012.
Fonte: Por Carlos Brito e Bárbara Carvalho, G1 Rio e GloboNews