Era uma vez um menino de 6 anos que vivia numa zona rural, um lugar muito bonito e com natureza.
Seus pais trabalhavam no campo, e por isso, ele tinha muito tempo livre.
Certo dia, caminhando pelos campos, ele notou uma flor muito bonita.
Seu primor e sua formosura o encantaram.
Todos os dias o menino retornava ao mesmo local e ficava contemplando a flor.
Certo dia, ele decidiu que levaria a flor para casa, assim poderia observa-la sempre que quisesse, sem precisar ir embora e vê-la apenas no dia seguinte.
Retirou-a do solo e levou para casa.
Dois dias depois ela murchou e logo depois morreu.
O menino chorou e ficou muito triste.
O menino agora estava com 10 anos.
Quando passeava pelo campo, começou a avistar sempre um pássaro muito belo.
Esse pássaro ficava diariamente numa mesma árvore.
Ele pousava num de seus galhos, ficava uns 25 minutos e depois ia embora.
O menino começou a achar aquele passarinho fascinante, além de ter um gracioso canto.
Decidiu então que queria obter ele para si, para que não mais fosse embora e pudesse ficar sempre com ele. Conseguiu uma rede e jogou na direção do pássaro, capturando-o em suas mãos.
O menino olhou o pássaro e este lhe deu uma boa bicada.
Ele gritou e soltou o pássaro, que voou rapidamente.
O menino caiu em prantos e ficou muito triste com tudo.
O menino, agora um rapaz, estava com 14 anos.
Começou a ajudar seu pai na fazenda.
Em seus passeios à tardinha, ele encontrou-se com um cachorro de rua.
Um animal muito dócil e alegre.
Ele passou a brincar todos os dias com ele, que acabou se tornando seu melhor amigo.
O animal ficava um pouco com ele e logo depois ia embora, caminhar pelo campo, como sempre fazia.
O menino ficava triste, pois queria permanecer mais tempo com seu amigo.
Certo dia, o menino decidiu que era melhor levar o cachorro para casa, assim ele não poderia mais ir embora e ficaria com ele em definitivo.
Chegando em casa, prendeu-o pelo pescoço e o deixou lá, parado, com um olhar de triste de quem perdeu sua liberdade.
Passado algum tempo, o menino se aproximou do cachorro e este o mordeu.
O menino começou a chorar e o cachorro fugiu.
O animal ficou nervoso de ficar tanto tempo preso, pois estava acostumado com a liberdade.
O menino ficou bem triste com o ocorrido.
O menino cresceu e agora estava com 18 anos.
Em seus passeios conheceu uma menina, filha de um fazendeiro local que acabara de comprar uma fazenda próxima.
O rapaz ficou deslumbrado com a beleza da moça e decidiu conversar com ela.
Eles conversaram e logo estavam namorando.
O tempo foi passando e, certo dia, ela revelou que não queria mais um compromisso sério, pois ainda era jovem.
O rapaz ficou atordoado com aquela notícia e começou a discutir com a moça.
Não aceitava o fato de que ela poderia terminar tudo.
O rapaz então agarrou a moça e disse que ela não iria embora, que ficaria com ele custe o que custar.
A moça se desesperou, pegou seu canivete no bolso e cortou o braço do rapaz.
Este gritou de dor e soltou a moça, que correu desesperada para bem longe.
O rapaz caiu no chão, chorando muito e sentindo uma imensa dor no peito.
Parou por um tempo e fez uma revisão de sua vida até aquele momento.
Em várias situações, ele havia se negado a aceitar o término de algo e, por conta de seu apego, queria possuir esse algo para impedir que fosse embora.
Após muita reflexão, levantou-se ainda sangrando, e decidiu que, a partir daquele momento, tudo de bom que chegasse em sua vida ele passaria a sempre aceitar que em algum momento aquilo iria embora. Após essa decisão, sentiu-se muito mais leve e livre de tudo…
Cada coisa que nos chega faz sentido apenas num dado momento de nossas vidas e tem sempre um tempo de permanência conosco.
Muitas vezes desejamos prolongar esse período quando algo já acabou ou precisa ir embora.
O apego a algo ou alguém impede que aceitemos a ida do antigo e a chegada do novo.
Tudo na vida humana vem, passa um tempo conosco, e tão logo cumpre sua missão, deve ir embora.
Todas as coisas vem e vão… Se não permitimos que algo que veio possa ir embora, ficamos presos, submetidos àquilo, enlaçados, apegados, fixados e aprisionados.
Dessa forma, podemos não conseguir continuar nossas vidas e seguir em frente.
Ficamos parados no tempo e morremos um pouco dentro de nós.
Quando for o momento, deixe que algo se vá…
É certo que nada fica conosco para sempre. Tudo sempre vem e vai embora…
Por isso, desapegue-se.
Viva sempre com total desprendimento.
Aceite o eterno fluxo da vida, e somente assim, você será mais livre e feliz.
(Autor: Hugo Lapa)
Grande beijo no coração
Bell-Taróloga