Sobre as pedras brancas e lapidadas ele percorria.
Percorria só, atento às ondulações em suas margens.
Observando dia e noite a mata que o protegia.
Sabia estar indo para algum lugar, mas não podia prever aonde daria seu curso.
Por vezes sentia-se só e alegrava-se quando os animais vinham nele beber.
Dia e noite suas águas percorriam e desejava saber o porquê da sua natureza assim ser.
Queria parar um pouco e desfrutar das mesmas coisas que todos desfrutavam na mata.
Um dia ao entardecer entristeceu-se e se pôs a chorar.
Sentia muita solidão…
Suas lágrimas inundaram a mata, causando pânico aos que nela viviam:
– Rio, por que choras?
Tua tristeza desequilibra a natureza na qual vivemos!
– Choro por sentir-me só.
Enquanto todos possuem companhia, eu percorro sozinho, sem ninguém para falar, ninguém para brincar.
E sinto medo, pois não sei para onde estou indo…
Todos na mata silenciaram diante da tristeza do rio.
Também não sabiam aonde ele iria chegar.
Não podiam ajudá-lo.
E assim todos ficaram parados, vendo o rio passar…
Sua tristeza era profunda e não havia meios de ajudá-lo…
A chuva surgiu inesperadamente de dentro da mata e vendo a tristeza do rio, perguntou:
– O que lhe tira a paz, meu caro amigo?
– Não entendo minha natureza e sinto-me muito sozinho a percorrer por tantos caminhos que nunca chegam a lugar algum.
A chuva vendo o desespero do rio, afagou-o gentilmente com suas águas límpidas.
– Se choras por estares só é porque ainda não descobriste tua real natureza.
Nada neste mundo está só, excluído do todo.
Aceita tua natureza e percorre feliz em teu curso.
És tão necessário quanto a mata e tudo que nela vive.
És tão necessário quanto o sol e tudo que na sua luz é banhado.
Teu destino não está longe e quando o encontrares saberás que tudo tem uma razão de ser.
Aceita a orientação que vem de dentro, ela sabe o percurso e sabe para onde estás indo.
Confia e tua confiança conduzir-te-á para tua alegria, para teu descanso, para teu reencontro com a tua verdadeira natureza.
Quando chegares neste lugar estarás em paz, pois viverás com os teus iguais.
O rio recebeu a chuva com contentamento e tratou de seguir seu curso, confiante no que a chuva lhe falara.
Adiante, uma surpresa, uma linda surpresa: Percebeu que estava saindo da verde mata, caindo lentamente sobre um mar azul…
Infinitamente azul…
(Desconheço a Autoria)
Grande beijo no coração
Bell-Taróloga