É comum uma pessoa perder bastante tempo de sua vida apenas fugindo de situações que para ela são desagradáveis. Essa pessoa não faz outra coisa senão pensar e agir evitando uma situação que lhe causa temor.
Ela acredita que, caso vivencie essa situação, sua vida vai acabar e tudo será destruído, sem chance de reconstrução.
Caso ela cometa um erro ou caso algo saia errado em sua vida… pronto, isso já seria suficiente para tudo dar errado.
Esse é o caso de perder tudo e viver na rua como mendigo, de passar fome, de perder seus entes queridos, de contrair uma doença e ficar numa cama de hospital, dentre outros medos comuns.
No entanto, a filosofia espiritualista nos mostra claramente que aquilo que chamamos de “erro” é algo que, simplesmente, não existe.
Não existe coisa alguma errada na existência, pois todas as coisas se consertam e se harmonizam naturalmente com o tempo e com as revisões periódicas que o espírito faz de vida em vida.
Ninguém pode errar e nada pode sair errado, pois todo erro é o caminho natural e necessário para se chegar em algum lugar melhor ou se atingir um estágio mais avançado do nosso ser espiritual que está em constante desenvolvimento.
Vamos fazer uma analogia.
Imagine um aluno que acredite que a capital do Brasil é o Rio de Janeiro.
Ele vai fazer uma prova e nessa prova lhe é perguntado justamente qual é a capital do Brasil.
Ele coloca Rio de Janeiro na resposta.
Ao corrigir as provas, a professora o chama e diz: “Pedrinho, a capital do Brasil não é Rio de Janeiro, como você respondeu.
A capital do Brasil é Brasília”.
O aluno errou a resposta.
No entanto, esse erro para ele foi fundamental, pois se não fosse a resposta errada, ele continuaria acreditando que a capital do Brasil era o Rio de Janeiro.
O erro, nesse caso, foi a oportunidade que ele teve de descobrir a verdade e não errar mais no futuro.
Assim, é possível perguntar: o que ele perdeu?
Ele pode ter perdido um ponto na prova, mas o mais importante de tudo foi ele ter obtido o conhecimento correto da capital do país, uma informação importante para sua formação e sua vida.
Diz-se que os alunos estão na escola para estudar, errar e assim aprender.
O que mais importante, no final das contas, é o aprendizado.
O que ocorreu com esse aluno é o mesmo que acontece com o nosso espírito no processo de evolução.
Quando o espírito comete um erro, esse erro não o prejudica, mas sempre o ensina, o corrige, o reorienta, o coloca na direção de sua evolução.
Então, se o erro sempre nos coloca no caminho do nosso desenvolvimento…existem erros de verdade?
Ou o erro nada mais é do que um caminho que deve ser percorrido até nosso verdadeiro objetivo?
Do ponto de vista espiritual, o que se perde com os erros?
Nada…os erros da vida humana só trazem ganhos ao espírito: é possível dizer que quanto mais o espírito erra e experimenta os erros, mais ele aprende e evolui.
Vamos supor que um homem tenha um impulso ou uma tendência impregnada em seu espírito para beber e se drogar. Assim, seu espírito nasce na matéria e passa boa parte da vida bebendo.
Ele bebe muito e o álcool vai minando sua saúde e aos poucos destruindo sua vida humana de diversas formas.
Ele bate na mulher, briga com os filhos, perde emprego e no final contrai cirrose hepática, que o leva ao desencarne.
Assim que esse espírito chega ao plano espiritual, ele pode fazer uma revisão total de todos os seus erros.
Ele vê claramente seu impulso de beber e se drogar.
Ele recapitula sua experiência e atinge a consciência exata sobre os malefícios do vício.
Ele “perdeu” a vida bebendo, mas seu espírito ganhou uma experiência valiosíssima e, dessa forma, ele consegue avançar em espírito, se harmonizando e se purificando, podendo consequentemente se tornar mais feliz e ter mais paz.
Na próxima encarnação ele já terá muito mais forte dentro de si a intuição de que não deve beber nem se drogar.
Ele já passou por essa experiência, então na próxima encarnação ele já está mais consciente e menos propenso a bebida.
Assim, mais uma vez questionamos: ele errou bebendo?
Não…os erros não existem, pois eles se harmonizam com nossa evolução espiritual.
O homem que bebeu não cometeu um erro, mas viveu exatamente o que precisava viver; teve justamente as experiências que seriam necessárias ao seu adiantamento espiritual.
Ele precisava vivenciar certos vícios nessa encarnação, pois existiam alguns impulsos negativos em seu espírito que demandavam experiência, purificação e uma posterior consciência emergente sobre qualquer tipo de vício.
Isso também serve para todas as experiências que o espírito vivencia em suas múltiplas vidas.
O espírito não pode jamais errar… por quê?
Por que o erro humano nada tem de “errado”, mas é uma experiência necessária ao seu adiantamento.
Afinal, o que pode sair errado?
Nada…pois tudo são experiências que o espírito precisa e sem elas ele não poderia se adiantar e se purificar.
Alguns podem argumentar: “Mas esse homem perdeu sua vida bebendo… isso não é positivo”.
Será que ele perdeu mesmo sua vida?
Que vida ele perdeu?
Sua vida na matéria?
Mas o espírito não é eterno?
Sua alma não continua existindo pela eternidade?
Como ele perdeu a vida se a morte é apenas uma passagem?
O que foi perdido se a vida continua sempre?
O que pode ser perdido se o espírito tem a oportunidade de viver quantas existências materiais foram necessárias até aprender tudo o que precisa, em seus diversos graus de perfeição?
Vamos repetir esse ponto para que fique bem gravado na mente de todos: como é possível dizer que um homem que bebeu perdeu sua vida com o álcool se o espírito pode voltar à Terra quantas vezes forem necessárias para experimentar novas experiências até aprender com todas elas?
Onde está a perda aí, se o espírito pode retornar milhares de vezes?
Nunca é demais repetir que ninguém vem a Terra para fazer carreira de sucesso, para ganhar dinheiro, para ter filhos, para ser jogador de futebol, para ser famoso, para ter boa reputação, para construir uma vida.
Não…estamos nesse mundo para viver certas experiências que nos facultem a ascensão do nosso espírito, apenas isso. Se a pessoa teve uma vida boa ou não, isso é irrelevante.
O importante é a alma atravessar as experiências e evoluir a partir delas.
Outros podem reclamar dizendo: “mas e o homem que roubou aqui na Terra?
Ele não errou?”
Quanto a isso podemos responder: será mesmo que ele roubou?
O que poderia ter roubado se nada é de ninguém e tudo nessa vida é um empréstimo de Deus?
Como ele poderia roubar alguma coisa se o espírito não pode ter a posse de nada?
“Eu perdi minha casa com o ladrão que a incendiou”.
Que casa você perdeu se sua morada é todo o cosmos?
Ninguém pode te roubar qualquer coisa, posto que ninguém pode possuir coisa alguma.
O espírito não pode ter…ele simplesmente é.
O ser não pode ter nada… o ser só pode ser.
Como disse Deus a Moisés: “Eu sou aquele que sou”.
O ser é o ser…o ser não é o ter.
Como alguém poderia te roubar qualquer coisa se o espírito é incapaz de ter algum objeto do mundo?
Não… ninguém rouba nada.
O espírito, quando chega ao plano espiritual, se dá conta de que nada do que ele acreditava possuir foi perdido, pois ele nunca foi uma pessoa vivendo no mundo, mas ele sempre foi um espírito vivendo certas experiências na matéria que eram absolutamente necessárias ao seu progresso espiritual quando ele percorre os diversos níveis ou planos do ser.
Muitas pessoas afirmam que suas vidas estão todas erradas e que tudo foi destruído.
Tendo em vista estas reflexões, podemos ainda questionar: o que pode ocorrer de pior em nossas vidas?
Você passar fome?
Você morrer?
Qual mal há em passar fome e morrer?
Alguém morre?
Não, ninguém morre…pois a vida sempre, sempre continua.
Então, por que sofrer com a morte se o ser é eterno, sempre foi eterno e sempre será eterno? Por outro lado, que mal ha em sofrer se o sofrimento vai abrir nossa visão espiritual para a verdade?
Quando chegamos ao plano espiritual observamos que nada foi perdido, nada deu errado, mas tudo correu exatamente da forma que tinha que correr e as experiências que taxamos como negativas vieram sempre na justa medida daquilo que nosso espírito precisava para ascender.
O que são alguns anos de sofrimento diante de uma eternidade de bençãos, de glória e de felicidade eterna no plano espiritual?
Que perda há, se tudo aqui nos é emprestado por Deus?
O que podemos perder se nada podemos possuir?
Por que se preocupar em morrer de fome, de frio e de outras privações se ninguém morre?
“Mas eu não quero sofrer, errar ou morrer”, dizem alguns.
Esse pensamento é semelhante ao da criança que não quer ir à escola, ou do aluno que não quer se privar de brincar, de sair e de se divertir porque precisa estudar para as provas.
Outras pessoas costumam dizer: Desculpe, eu aceito qualquer experiência, menos a de me tornar um mendigo na rua, isso eu não admito.
Em primeiro lugar, é certo que, se aquela alma precisa dessa experiência, ela vai passar por isso independente de querer ou não, assim como o aluno não pode recusar uma prova dada pelo professor.
Em segundo lugar, uma pessoa que se recusa de todas as formas a viver uma experiência de provação, como por exemplo viver na rua como mendigo, ela vai acabar atraindo essa experiência pela própria força que faz em teme-la, recusa-la e lutar contra ela.
Se eu digo a uma pessoa: você pode fazer tudo, menos pensar na cor azul.
É provável que a pessoa pense mais no azul do que em qualquer outra coisa.
A proibição autoimposta do pensamento no azul acaba por atrair o azul o máximo possível para junto ela.
O mesmo ocorre com as experiências que o espírito precisa viver no mundo.
Se uma pessoa diz: não quero nunca jamais viver como mendigo na rua…esse pensamento de recusa, de luta contra a experiência acabará por atraí-la a nós numa próxima vida ou até mesmo na vida atual.
A negação completa de viver uma experiência demonstra que aquele espírito pode precisar dessa experiência mais do que qualquer outra, pois somente vivendo como mendigo é que essa alma vai compreender que não há nenhum problema em ter experiências de privação na rua, já que ela é um ser espiritual e a vida como mendigo nada mais é do que uma ilusão do mundo.
Dessa forma, o espírito evolui por meio das experiências no mundo…assim como o aluno pode não querer ir a escola, mas todos sabemos que sua vida escolar é absolutamente necessária para sua formação e nenhum pai sensato permitia que seu filho largasse a escola sob a alegação de que ele simplesmente “não quer ir”.
O espírito precisa de certas experiências, precisa dos erros, precisa cair e levantar, perder e ganhar, morrer e renascer, para assim se adiantar e se purificar em seus diversos graus de elevação.
(Autor: Hugo Lapa)
Grande beijo no coração
Bell-Taróloga