Postos amanhecem sem combustíveis no quarto dia de greve de caminhoneiros
No quarto dia de greve de caminhoneiros realizada por todo o país, nesta quinta-feira (24), a população enfrenta problemas como escassez de combustíveis, linhas de ônibus suspensas, ameaça da falta de querosene para avião e aumento do preço de produtos alimentícios que estão em falta nas prateleiras.
Motoristas fizeram filas para abastecer entre a noite de quarta e a madrugada desta quinta.
A greve já provoca a falta de comida, o que levou a uma disparada nos preços de itens como batata e cebola.
A Central de Abastecimento, Ceasa, informou que tem movimento sete vezes menor que o esperado.
Entre 18h de quarta e 9h desta quinta-feira, apenas 62 caminhões chegaram ao local.
Normalmente, 450 veículos costumam chegar ao principal centro de distribuição de alimentos do Rio – neste mesmo espaço de tempo.
O Governo Federal faz escolta de caminhões-tanque que levam combustível para aeroportos.
Segundo o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, essa é a única medida policial tomada diante da greve.
Ele disse que nenhum estado pediu apoio federal para conter protestos.
Com o objetivo de reduzir o preço do combustível e conter a paralisação de caminhoneiros, a câmara aprovou um projeto que elimina cobrança de PIS/Cofins do diesel até o fim do ano.
A medida que zerou tributo do óleo foi adicionada ao projeto que reonera folha de pagamentos das empresas de 28 setores.
Entretanto, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou nesta quinta que houve um erro de cálculo na compensação, e que o texto aprovado na véspera pela Câmara dos Deputados terá que ser ajustado.
O presidente da Petrobras nega que tenha sofrido pressões ao decidir reduzir preço do diesel.
Em coletiva, Pedro Parente garantiu que a autonomia e a independência da empresa não correm riscos.
Com a redução de 10% do preço do diesel nas refinarias por 15 dias, a estatal estima perder R$ 350 milhões em receitas.
A capital carioca enfrenta filas em postos – com alguns já desabastecidos – além de rodovias bloqueadas e aumento no preço de alimentos.
A paralisação de caminhoneiros ganhou a adesão de taxistas no quarto dia de movimento.
Grevistas impedem saída de carretas com combustível da refinaria da Petrobras no Rio.
Eles fazem protesto em frente à Reduc, na Baixada Fluminense, e na Rodovia Presidente Dutra.
A paralisação já afeta a circulação dos ônibus na capital fluminense.
Na Zona Oeste, o fechamento de estações do BRT entre Madureira e o Fundão no corredor Transcarioca prejudicou o comércio.
O BRT operou com metade da frota e não fez o trajeto completo.
Vendedores afirmam que o movimento caiu muito devido à dificuldade que a clientela está encontrando para chegar ao bairro. No corredor Transoeste, todos os terminais da Avenida Cesário de Melo também estão fora de operação.
A entrega de produtos químicos para tratamento da água no Rio também atrasou.
A Cedae orientou os moradores a economizar água.
São Paulo teve rodovias bloqueadas, postos cheios e aumento no preço de alimentos.
Usado como opção à gasolina, que já está sendo vendida a mais de R$ 5, o etanol também teve alta.
Cerca de 40% da frota de ônibus não deve circular nesta quinta-feira.
Na capital paulista, a paralisação também provocou aumento de preços em feiras.
O quilo da cebola, por exemplo, passou de R$ 4 para R$ 8 na feira do Bom Retiro.
O quilo da batata lavada está cerca de R$ 10.
No mercado municipal, comerciantes conseguiram segurar valores, mas alguns vendedores de frutas já estão com estoque zerado.
Se greve continuar, frutos do mar deixarão de ser entregues a partir de amanhã e preço pode subir 20%.
O município suspendeu o rodízio de veículos. A paralisação afeta a distribuição de serviços a garagens de ônibus. Passageiros de São Miguel Paulista, na Zona Leste, enfrentam demora nos pontos e coletivos mais cheios.
Em Ribeirão Preto, caminhoneiros bloquearam o terminal de combustíveis.
Apenas carros da polícia e ambulâncias estão podendo abastecer no local.
Dos 190 estabelecimentos da cidade, cerca de 100 estão desabastecidos.
Em Campinas, apenas 60% da frota de ônibus está em circulação. A procura por combustíveis provoca briga entre motoristas – o litro da gasolina chega a R$ 4,99 em alguns postos da cidade.
Os protestos interditaram dois pontos da Rodovia dos Imigrantes.
Houve bloqueio total próximo ao acesso do Rodoanel, no sentido litoral, e em Diadema, no sentido São Paulo. Caminhoneiros atearam fogo em barricadas nas duas regiões.
Também houve protestos na Rodovia Anchieta, mas sem interdições.
Em Rondônia, motoristas de aplicativo e donos de postos também apoiaram o ato de caminhoneiros.
A greve afetou a distribuição de combustíveis na capital e no interior. Em Porto Velho, onde empresas de ônibus dizem só ter combustível para esta quinta-feira, o preço médio da gasolina subiu de R$ 4,29 para R$ 4,59.
Em alguns estabelecimentos de Ji-Paraná, o litro chega ser vendido a R$ 6.
No Acre, profissionais aderiram à paralisação nacional na noite desta quarta.
Caminhoneiros queimaram pneus e pedaços de madeira. Uma longa fila de caminhões se formou na BR-364 e já falta combustível em alguns postos de Rio Branco.
No Sergipe, a coleta de lixo na capital Aracaju foi prejudicada pela greve.
Caminhões não conseguem chegar ao aterro sanitário da cidade de Rosário do Catete, no interior.
Distribuição de alimentos e circulação de ônibus também sofrem impactos da paralisação.
No Ceará, o litro da gasolina aditivada chega a R$ 5,19 na capital – maior preço já registrado no estado. Caminhoneiros bloqueiam seis trechos da BR-11, causando um longo engarrafamento próximo à Fortaleza.
Em Recife, o sindicato diz que 70% dos postos de gasolina estão fechados.
Motoristas formam longas filas em estabelecimentos que ainda têm combustível.
Procon interditou e multou um posto que cobrava R$ 9 pelo litro de gasolina.
UFPE e UFPRE suspenderam atividades.
A frota de ônibus está reduzida na Região Metropolitana.
No Paraná, a espera para abastecer chega a duas horas em postos de combustíveis em Curitiba.
A greve prejudicou a distribuição de gasolina, etanol e diesel nos estabelecimentos da capital paranaense.
Alguns nem abriram na manhã desta quinta-feira.
No Espírito Santo, manifestantes fecharam acesso ao centro de distribuição de alimentos.
Além disso, 13 cidades do interior estão sem combustível.
Motoristas mantêm 14 pontos de bloqueio em rodovias federais que cortam o estado.
Estradas de Minas Gerais têm quase 50 trechos com interdições.
Motoristas impedem a passagem de veículos de carga em pelo menos dez rodovias federais que cortam o estado.
Por causa dos protestos, a circulação de ônibus na capital foi reduzida.
Na capital federal, uma fila de três quilômetros se forma em posto que vende gasolina sem imposto.
O estabelecimento aderiu ao Dia sem Imposto, comemorado nesta quinta-feira, oferecendo gasolina a R$ 2,86 o litro. Devido à falta de combustíveis, provocada pela greve, o preço em outros postos pode chegar a R$ 4,82 no DF.
Fonte: Jornal do Brasil