Aeroporto de Congonhas fica lotado de passageiros que tiveram voos cancelados por causa de Drone.
Desviou pousos, cancelou voos e atrapalhou conexões de centenas de passageiros na noite deste domingo (12).
Aterrissagens foram suspensas no domingo (12), o que provocou um efeito dominó.
Congonhas é o segundo aeroporto mais movimentado do país.
O aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, estava com saguão lotado de passageiros na manhã desta segunda (13).
O movimento atípico é reflexo do fechamento do terminal por mais de duas horas na noite de domingo (12) após um drone sobrevoar o local e afetar os voos.
O drone desviou pousos, cancelou voos e atrapalhou conexões de centenas de passageiros.
O problema afetou o funcionamento do terminal entre as 20h15 e as 22h40.
Grande parte dos passageiros que faziam check in nesta manhã estava hospedado em hotéis da região após o cancelamento dos voos.
“O voo era para ser 21h40, fomos informados 23h.
Pagaram apenas o voo, o hotel tivemos que pagar”, disse o gerente comercial Bianco Fattori.
O empresário Edegar Coelho também foi prejudicado pela fechamento do terminal aéreo.
“Não recebemos informações, tudo desencontrado”
A Infraero disse que acionou a Polícia Militar para tentar localizar a aeronave remotamente pilotada e quem a controlava.
A PM usou o helicóptero Águia e a Polícia Federal (PF) tentou localizá-lo pelo chão, segundo a Força Aérea Brasileira, sem sucesso.
Devido ao fechamento temporário, o horário de funcionamento do aeroporto foi ampliado até a 1h (o terminal normalmente recebe pousos e decolagens das 6h às 23h).
Cerca de 35 voos que aterrissariam em Congonhas foram desviados para outros aeroportos, como Cumbica (Guarulhos),
Viracopos (Campinas), Ribeirão Preto e até outros estados, mas as decolagens não chegaram a ser interrompidas.
Pilotos de dois aviões da Latam informaram por rádio o drone, que estava próximo à cabeceira sul da pista (Jabaquara) e sobrevoou a região por cerca de 30 minutos, segundo informações de um oficial da Aeronáutica.
Regras
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aprovou em maio o regulamento para o uso de drones.
Segundo o órgão, quem for flagrado usando drones em desacordo com as normas pode responder a processo administrativo, civil e penal.
No caso deste domingo, o operador pode ser preso quando localizado.
Uma das normas prevê detenção em casos em que o equipamento coloca embarcações ou aeronaves em perigo, ou que traz risco direto à vida ou à saúde de outras pessoas.
Latam
Em nota, a Latam afirmou que 9 voos da companhia com origem/destino a Congonhas foram cancelados e 13, desviados para Cumbica (Guarulhos), Viracopos (Campinas), Ribeirão Preto, Confins (BH) e Galeão (Rio).
Segundo a empresa, os passageiros dos voos desviados para aeroportos de São Paulo serão encaminhados para a capital paulista por terra e os para BH e Rio, terão as aeronaves reabastecidas e retornarão a Congonhas.
A Infraero chamou a polícia para tirar o drone do ar.
A Polícia Militar usou o helicóptero para rastrear o aparelho e, no chão, a Polícia Federal tentou encontrar quem estava pilotando.
Durante à noite, ele não foi localizado.
Não foi a primeira vez que um drone sobrevoou a região do Aeroporto de Congonhas.
Um vídeo gravado por um apaixonado por aviões mostra que há poucas semanas, outro drone também assustou dois aviões que estavam aterrisando.
O pesquisador e instrutor de operação de drones Willian Lima explica que a Agência Nacional de Aviação Civil só exige habilitação dos operadores para drones com mais de 25 quilos, mas que 90% do aparelhos vendidos no Brasil estão abaixo desse peso.
Mesmo assim, eles podem causar acidentes.
“Se ele for engolido por uma turbina, pode primeiro destruir as paletas de admissão da turbina e ocasionar que o avião precise retornar.
Em colisão com qualquer outra parte da aeronave, o drone pode trazer problemas para manter controle de voo”, explica Willian Lima, pesquisador e instrutor de pilotagem de drone.
O juiz federal especialista em crimes aeronáuticos Marcelo Honorato explica que quem coloca um drone perto de aeroporto comete o crime de atentado ao transporte aéreo porque atrapalha o fluxo de navegação e coloca a vida de pessoas em risco.
“Ele poderá ser responsabilizado no aspecto cível de ressarcir as empresas aéreas por todos os prejuízos que ela teve.
São valores altos, que dificilmente, uma pessoa física poderá suportar”.
Em nota, a Anac disse que aguarda a informação da polícia sobre a identificação do autor das infrações para que ele possa ser punido pela agência no âmbito administrativo.
O código penal prevê prisão de dois a cinco anos para quem colocar aviões em perigo ou dificultar a navegação e também tipifica a exposição de pessoa a risco, com detenção prevista de três meses a um ano.
A Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar o caso e tentar identificar o responsável.
Fonte: G1