O dia 15 de junho marca o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa.
A data foi instituída em 2006, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa.
O objetivo da data é promover uma reflexão a respeito das condições desse segmento da população, que tem sofrido severas violações de direitos ao longo da história.
Para garantir o envelhecimento da população de forma saudável e tranquila, com dignidade, sem temor, opressão ou tristeza, precisamos trabalhar intensamente na prevenção da violência e na identificação e no encaminhamento correto de casos de violência e, em especial, temos que preparar as novas gerações com informações, materiais e recursos educacionais, de forma a assegurar um envelhecimento digno e saudável.
Desde janeiro de 2004 a AMPID – Associação Nacional do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência, vem trabalhando intensamente pela inclusão e respeito aos direitos da pessoa idosa.
Já venceu inúmeras batalhas, tendo ainda muito a superar.
Em alusão a importante data, a AMPID convida a todos a refletir sobre os caminhos que devemos seguir ainda no combate à violência contra os idosos e incentiva também a leitura do Manual de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa.
A publicação traz o contexto sociodemográfico brasileiro, as situações de violência contra pessoa idosa e estratégias de ação e prevenção contra a violência.
A violência contra a pessoa idosa tem sido tema das agendas de vários órgãos governamentais entre eles a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Alguns encaminhamentos importantes foram dados na busca por alternativas de prevenção dos atos violentos praticados contra a pessoa idosa, assim como formas de intervir no sentido da superação desse impasse que tem acompanhado a sociedade brasileira nestes últimos anos.
Essa é a percepção que temos ao ler o Manual de enfrentamento à violência contra a pessoa idosa.
É possível prevenir.
É possível superar elaborado por Maria Cecília de Souza Minayo e publicado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Como afirma a autora este manual fala do lado contrário do direito, ou seja, da sua violação sob as mais diferentes expressões visíveis e invisíveis.
Assim como os dois primeiros manuais elaborados pela mesma autora, marca sua diferença ao tratar especificamente e singularmente da violência contra idosos.
O texto compõe-se de Introdução, onde são nomeados os eixos centrais que balizam as reflexões da autora: aspectos sociodemográficos, socioantropológicos, socioepidemiológicos e estratégias de superação das expressões de violência.
Aponta passos percorridos pelos organismos nacionais e internacionais na tentativa de estabelecer uma agenda mínima de documentos, planos, projetos e leis que garantam ao idoso qualidade de vida compatível com sua situação de cidadão não só de deveres, mas de direitos.
Entre esses organismos e documentos encontram-se a Organização das Nações Unidas, que durante a I Assembléia Mundial sobre Envelhecimento definiu parâmetros fundamentais para caracterização de quem é considerado idoso do ponto de vista da idade cronológica, mas principalmente a garantia da sua segurança econômica e social, assim como a sua inserção no processo de desenvolvimento dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, e o Estatuto do Idoso cujo texto prioriza o atendimento às necessidades básicas deste e a manutenção de sua autonomia.
No aspecto relativo à formação de profissionais de saúde e cuidadores a autora sinaliza a atenção para a freqüência com que os idosos procuram o serviço com queixas repetidas relacionadas a diagnóstico já definido; a falta de regularidade às consultas já agendadas; a sinais físicos de que alguma coisa não está bem e por fim às explicações dos familiares sobre lesões ou traumas sofridos pelos idosos.
Está estratégia está intimamente relacionada à prevenção de dependência e à criação de espaços seguros nos quais os idosos vão transitar.
Um último comentário sobre este Manual apresentado ao leitor – profissionais, familiares, cuidadores, idosos e aqueles que se interessam pela prevenção e atenção aos idosos do ponto de vista da violência, fomos privilegiados pela autora ao nos apontar os caminhos e descaminhos de uma ação interventiva – atenção e prevenção – no sentido de contemplar a demanda dos idosos e acolher seus medos, suas angústias, seu sofrimento, seu apelo à vida com qualidade.
Não se “combate” ou “luta” com a violência apenas num dia.
O processo deve ser contínuo.
O Dia 15 é para chamar a atenção de todos.
O processo deve continuar e em todos os dias do ano.
Fonte: AMPID