Marielle Franco e o motorista do carro em que ela estava foram baleados na noite desta quarta no bairro do Estácio
A vereadora Marielle Franco, do PSOL, foi assassinada a tiros na noite desta quarta-feira, no Rio de Janeiro.
O motorista que estava com ela, Anderson Pedro Gomes, também foi morto na ação.
A assessora Fernanda Chaves também estava no veículo e sobreviveu.
O crime aconteceu na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, região central da cidade.
Na noite desta quarta, antes do homicídio, ela participou de um evento com jovens negras na Lapa.
A principal linha de investigação da Divisão de Homicídios, responsável pelas apurações, é de execução.
Marielle Franco tinha 38 anos e se apresentava como “mulher, negra, mãe e cria da favela da Maré”.
Ela foi a quinta mais votada da cidade nas eleições de 2016, com 46.502 votos, em sua primeira disputa eleitoral.
Em nota, o PSOL cobrou “apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo” e destacou a atuação política de Marielle.
“Estamos ao lado dos familiares, amigos, assessores e dirigentes partidários do PSOL/RJ nesse momento de dor e indignação.
A atuação de Marielle como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL e será honrada na continuidade de sua luta.”
Ativa nas redes sociais, a vereadora costumava postar mensagens de apoio ao movimento negro e aos direitos da mulheres e críticas ao governo de Michel Temer, à intervenção federal no estado e à atuação da polícia.
No último domingo, Marielle protestou contra uma operação da Polícia Militar na Favela de Acari.
“Chega de matarem nossos jovens! Chega de esculacharem a população! #VidasNasFavelasImportam”, escreveu.
Em outro tuíte, ela ligou a PM à morte do jovem Matheus Melo, baleado na terça na favela do Jacarezinho ao sair da igreja, em caso ainda sem solução.
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, pré-candidato do Psol ao Planalto, exigiu “investigações sérias, doa a quem doer”.
E indicou que o crime pode ter relações diretas com as denúncias que a vereadora vinha fazendo contra a violência policial na cidade.
“A noite desta quarta-feira ficará marcada pela violência escancarada de quem está seguro da impunidade.
Lutaremos por justiça até o fim. Marielle, honraremos sua caminhada!”, escreveu o psolista nas redes sociais.
Famosos e intelectuais usaram as redes sociais para repercutir e lamentar a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), de 38 anos.
Caetano Veloso publicou uma homenagem em forma de música.
Em vídeo, o cantor interpretou sua música “Estou Triste”.
No texto, usou as hashtags “Luto por Marielle” e “Marielle Presente”.
Políticos, governos, partidos e entidades lamentam morte da vereadora Marielle Franco
A cantora Teresa Cristina também prestou homenagem à Marielle.
“Difícil pensar alguma coisa nesse momento de tanta dor.
Que os familiares de Marielle Franco encontrem algum conforto diante de tamanha brutalidade”.
O mesmo fez a atriz Mônica Iozzi.
Em seu post, ela contou que conhecia Marielle.
“Ela lutava pela paz, por oportunidades iguais para todos.
Denunciava a corrupção na câmara, na polícia…”, escreveu.
Os atores Debora Bloch, Mateus Solano, Fabiana Karla e Julia Konrad, o cantor Emicida, a jornalista Carol Barcellos, a cantora Elza Soares, entre outros tantos artistas e intelectuais, também se manifestaram nas redes sociais e convidaram para alguns atos de manifesto que vão acontecer em todo o Brasil.
Quem era Marielle Franco
Marielle Franco nasceu na favela da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro.
Se formou socióloga, militou pelos direitos humanos e se elegeu vereadora no Rio de Janeiro em 2016, pelo PSOL.
Na noite desta quinta-feira (14), foi assassinada a tiros dentro de seu próprio carro quando voltava de um evento sobre mulheres.
Quando Marielle foi eleita, com a quinta maior votação da cidade (pouco mais de 46,5 mil votos), o jornal da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), onde ela se formou, publicou um perfil da ativista.
A matéria conta que Marielle cursou Ciências Sociais, a partir de 2002, com bolsa integral, como aluna do Pré-Vestibular Comunitário da Maré.
Nessa época, já era mãe: sua filha, Luyara, nasceu quando Marielle tinha 19 anos.
Até por isso, não se envolveu com o movimento estudantil enquanto estava fazendo o curso.
Por vezes, trabalhava em dois turnos e depois ainda frequentava as aulas.
Em 2006, ela passou a fazer parte da campanha de Marcelo Freixo, então candidato a deputado estadual, na Comunidade da Maré.
Após a eleição, passou a atuar na equipe de Freixo na área de Direitos Humanos.
Em 2014, defendeu uma dissertação de mestrado na Universidade Federal Fluminense, analisando a política de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, estudando especificamente a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
Em 2016, foi candidata a vereadora pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), e obteve 46,5 mil votos.
Após ser eleita, explicou ao jornal da PUC algumas de suas principais causas: melhoria das condições das creches e escolas, garantindo a diversidade de perspectivas; do transporte público, marcado por envolvimentos com o setor privado; e da cultura.
Como vereadora, ela foi designada relatora na comissão da Câmara que vai fiscalizar a intervenção federal no Rio de Janeiro.
Fonte: Internet (G1 – Estadão – Exame)