Marcius Clapp é diretor de fotografia e repórter cinematográfico.
Aos 19 anos teve seu primeiro contato com produções audiovisuais na TV Educativa do Rio de Janeiro, onde trabalhou por quase 13 anos.
Atualmente trabalha como diretor de fotografia freelancer e como repórter cinematográfico do Canal Futura da Fundação Roberto Marinho.
Se especializou em time lapse e stop motion utilizando plataformas eletrônicas, oferecendo movimentos em suas imagens.
Também é operador de steadicam e editor.
Como repórter cinematográfico trabalhou em diversos documentários.
Como diretor de fotografia dirigiu campanhas educativas, como Olimpíada de Língua Portuguesa, campanhas publicitárias, video clipes e documentários.
“A fotografia é um mundo mágico, onde consigo retratar a realidade e emoção transmitida por uma simples imagem.”
(Marcius Clapp)
Projeto SOURio 450 Anos 4K
Nessa cidade de rara beleza e encantos naturais nada passa despercebido.
Quem visita a cidade sempre quer voltar e quem nasceu aqui se orgulha de ver o nascer do sol mais lindo das Américas: Sou Rio, Sou carioca!
Vivemos varias aventuras!
Afinal captar imagens usando a técnica de Timelapse leva em média de 6 até 12 horas e milhares de fotos para serem construídas.
Contudo deu-se o resultado esperado.
Que seja um prazer para seus olhos e que leve para você a mesma emoção que nos trouxe durante um ano de muito empenho e dedicação de toda equipe.
ROTEIRO DE VIAGEM:
Saída: Rio de Janeiro, bairro de Copacabana, em um fusca ano 1994.
Destino: Sertão do Ceará.
Foram mais de 2.700 km de ida. Viajamos durante três dias, 900 km/dia, em média, 14 horas/dia de direção. Primeiro problema: Serra de Petrópolis. O motor do fusca parou. Não podíamos abortar nossa viagem! Através de uma ligação para meu preparador de motor, Alex, e com todo o seu empenho em nos ajudar, nosso motor voltou a funcionar. Até chegarmos ao nosso destino, dormimos em hotéis de beira de estrada durante a noite. Faltando 300 km para chegarmos a Parambu – Ceará, percebi que nosso motor começou a trabalhar com apenas dois cilindros. Foram os 300 km mais longos, demorados e sofridos de nossas vidas. O fusca não passava de 60 km/h, e todo quebra mola que passávamos o motor apagava. Por sorte, e muita oração, ele voltava à vida, quando girávamos a chave… Foram mais de 18 horas sem piscar os olhos.
Ao chegamos a Parambu, toda pequena cidade ficou nos olhando… dois cariocas, com um fusca cheio de equipamentos, era, no mínimo, estranho e engraçado. Olhei para Diogo Luna, e comecei a reclamar: “Poxa, Luna! Esse fusca não está ajudando. Não conseguiremos chegar a Coccoci!”. Meus olhos encheram de lágrimas… Luna olha para mim e fala: “Calma, Clapp! Nós chegamos aqui, tudo vai se resolver!”. Começamos a procurar um mecânico de fusca. Por força do destino, conhecemos “Seu Valdeliceo”, um homem incrível. Girei a chave do motor, ele só ouviu sua batida, e nos falou que o problema estava no comando de válvula, que estava empenado. Olhou para mim e falou: “Vocês tiveram muita sorte em conseguir chegar aqui! Se fosse outro carro, vocês tinham ficado no meio do caminho!”.
Era lua nova, precisávamos chegar a Cococi em, no máximo, um dia. Seu Valdeliceo volta a falar: “Deixem o fusca aqui, pela madrugada vou dar um jeito para vocês. Vocês chegarão a Cococi, mas antes de voltarem ao Rio de Janeiro, será preciso abrir o motor e resolver o problema!”. Perguntei para seu Vaudeliceo, em quanto tempo ele arrumaria o carro, e ele me respondeu: “Se for tucho e comando, conseguindo as peças amanhã, entrego joia em três dias!”. Ligamos para nosso apoio, Sócrates, que estava passando férias na casa de sua família, e pedi ajuda. Ele veio até a oficina e nos levou para sua casa.
Lá conhecemos sua mãe, Dona Risonilda, que nos acomodou, com muito carinho, em seu lar. Ao acordarmos, bem cedo, fui correndo na oficina e o carro estava lá, pronto para partirmos. Pegamos o fusca… Sócrátes com a Chevrolet D10, do seu pai, nos guiou até a Cidade tão sonhada: Cococi. Só existiam duas famílias na cidade abandonada. Fizemos amizade com esses moradores, e resolvemos, nessa noite, acamparmos no meio da cidade, em uma praça destruída pelo tempo.
A noite chegou e, para nossa surpresa, o céu do sertão estava completamente nublado. Comecei a chorar novamente, e ali resolvi fazer minha oração: “Meu Deus, o senhor sabe todo nosso sonho para chegarmos aqui, não deixe nosso sonho cair por terra! Por toda fé que tenho no senhor, ajude-nos!”. E ali fiquei, sentado, olhando para a direção mais linda desse Brasil, para a Via Láctea dos céus de Cococi. O céu, então, começou a se abrir, e começamos a registrar nosso primeiro time lapse… apenas a Via Láctea, Câmera numero dois em composição, nosso acampamento e nosso universo. Obrigado, meu Deus, por essa noite!
Sócrates foi embora ao acordarmos. Por volta 10h, Dona Clinilda, moradora de Cococi, nos convidou para ficarmos em sua casa, e nos falou que era muito perigoso dormirmos no meio do sertão. Ela, então, então nos acomodou em sua casa. Olhei para dona Clenilda, e disse: “A senhora nem nos conhece, como vai deixar ficarmos em sua casa?”. Ela responde: “Deixa disso, bobo, podem ficar o tempo que precisarem!”.
Ali ficamos por cinco dias e cinco noites. Resolvemos voltar para Parambu. Ligamos para Sócrates, para nos resgatar. Ao chegarmos à cidade, passei no “Seu Valdeliceo”, onde encontramos o motor fora do fusca, aberto. Ele me fala: “Vocês tiveram muita sorte! Dois tuchos viraram pó, era para ter trancado o motor!”. Perguntei o que fazer. Valdelício responde: “Vai na loja de auto peças do pai do Sócrates, e pede para ele mandar vir de Recife os tuchos e o comando de válvula!”. Fiquei de boquiaberto ao saber que o pai de Sócrates tinha uma loja de peças de carro. Peguei os seis tuchos que sobraram, levei para seu Pai, Evaristo, que fez o pedido. Foram os dois dias mais longos da minha vida, só pensando em Cococi.
Quando o material chegou, fomos ao encontro de Seu Valdelicio, que, ao colocar o tucho no motor, o mesmo não encaixava. Comecei a chorar, e perguntei: “E agora?”. Diogo sempre tentando me acalmar, pergunta: “O que podemos fazer?”. Seu Valdeliceo responde: “Desmontei um fusca há mais de 8 anos, e guardei os tuchos dentro de um saco de pano, está em algum lugar!”. Foram praticamente 6 horas revirando a oficina, e nada dos tuchos. Voltei a me desesperar! E me veio o pensamento… Vamos alugar um carro para voltarmos em Cococi! Já estamos em lua crescente! Peguei a moto de Seu Valdelicio, e fui ao encontro de um conhecido dele. Ele cobrou R$ 150,00, para nos deixar na linda cidade abandonada.
Estávamos com pouco dinheiro, pois teríamos que pagar o conserto do carro, e ajudar Dona Clenilda, que nos acolheu em sua casa, em Cococi. Foram duas horas de viagem durante a madrugada… Olhei para fora da janela, lua crescente estava lá, e comecei a fazer outra oração. Chegando a Cococi, Dona Clenilda já estava dormindo, como é o costume de uma cidade bem pequena. Ao abrir a porta, um lindo sorriso de Dona Clenilda, junto à sua fala: “Que bom que vocês voltaram!”. Esse sorriso fez com que meus olhos se enchessem de lágrimas. Luna olha para mim e fala: “Viu como tudo está dando certo?”. Ficamos por mais sete dias e sete noites, registrando as belezas de um lugar praticamente morto, mas, cheio de vida. Durante esse tempo, dormimos no cemitério abandonado por dois dias.
Conseguimos imagens de um lugar com muita energia e muita beleza. Lá realizei minhas orações em respeito a toda família “Feitosa”. Senti uma boa vibração, caminho aberto para registrarmos nossas imagens. Agradeci e pedi proteção por todas as vidas que ali estavam.
Ao voltarmos à casa de Dona Clenilda, fomos tomar banho de cuia, pois estávamos dias sem tomar banho, e fomos convidados para almoçar galinha caipira e feijão de corda. Uma das refeições mais abençoadas de nossas vidas, pois estávamos nos alimentando somente de barras de cereais, durante a estada no cemitério.
De repente, apareceram em sua porta, três policiais armados até os dentes, entraram na casa, pois haviam recebido uma denúncia sobre a existência de dois homens, do Rio de Janeiro, dormindo no cemitério dos Feitosa. Quando olhamos aqueles homens, ficamos brancos, pálidos! Olhei para Luna e falei: “Vamos ser presos!”. Ele me responde: “Agora não estou calmo!”. O polícial veio me abordar com muita educação, e me apresentei como documentarista, mostrei alguns documentos de trabalho, e tudo se resolveu. Ficamos conversando sobre fotografia durante alguns bons minutos. Hoje, são meus amigos, e sempre curtem nossos trabalhos, pela Internet.
Ficamos mais dois dias por lá, produzindo muito! Ligamos novamente para Sócrates, e lá foi ele nos resgatar. Chegando à oficina, Seu Valdeliceo abriu um grande sorriso e nos falou: “Vocês não são fáceis!”. Respondi: “Vamos procurar os tuchos!”.
Começamos a revirar novamente sua oficina. Depois de algumas horas, Seu Valdeliceo encontra um saco de pano, todo empoeirado. Ao abrir, eis a surpresa… eram os tuchos! Alívio total naquele momento. Restava-nos saber se os tuchos caberiam no motor. Seu Valdeliceo, com todo carinho, abre seu sorriso e encaixa os tuchos no motor, como como se fossem diamantes. Diogo Luna olha para mim, abre um grande sorriso, e ali mesmo começa a ajudar seu Valdeliceo a montar nosso grande guerreiro, para voltarmos ao Rio de Janeiro.
Foram mais três dias de muita calma para tudo se alinhar.
Fizemos uma grande despedida, foi extremamente difícil deixarmos todos que nos ajudaram para trás. Próximo destino: Dona Clenilda, Cococi. Lá chegando, mais choro, muitos abraços em Dona Clenilda. Abri minha bolsa e entreguei um valor para ela pagar a água… dois caminhões pipas. Sabia que ficarei em paz, pelo menos, durante uns três meses.
Durante a volta, conhecemos um caminhoneiro, que veio nos protegendo pelas estradas noturnas, até a nossa Rio de Janeiro. Chegamos vivos, felizes e realizados. Nosso fusca guerreiro chegou como um cavalo de pedra. Firme e forte, depois de 5.462 km.
Deixamos aqui nossa aventura por um Brasil maravilhoso e sem fronteiras. Marcamos aqui as cores da nossa linda bandeira.
Brasil, nós te Amamos!
Hoje o Marcius Clapp é referência na técnica time lapse com plataformas eletrônicas no Brasil.
O vídeo SOURio 450 é um presente aos cariocas dedicado de coração.
Desbravamos e retratamos a cidade maravilhosa com outro olhar, tendo escalado e subido por inúmeros morros, montanhas, prédios e pelos mais variados cenários.
Available in Digital Cinema 4k. Ulta HD UHD is a resolution of 3840 pixels × 2160 lines, aspect ratio 16:9)
Direção e Fotografia Marcius Clapp.
Todas as imagens com autorização.
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